Abstract
A partir de fragmentos etnográficos de experiências de pesquisa lingüística entre os Taurepáng, Macuxi, Wapichana e Kuikuro, em tempos, regiões e situações distintos, este artigo trata do confronto entre oralidade e escrita, quando a "ortografização" de uma língua indígena, falada por uma sociedade de tradição oral, transforma e cristaliza sons e ditos em folhas de papel. Em uma arena aberta, representações e agentes da escrita surgem, interagem, chocam-se: missionários, pesquisadores, homens do Estado, professores indígenas, pastores indígenas, índios etc. A escrita, neste contexto, é então abordada mais como metáfora ou emblema do que uma simples tecnologia de correspondências entre códigos. Trata-se, então, de uma interpretação do sentido da escrita que pode ajudar a entender, entre outras coisas, as razões de acertos e fracassos da "educação bilíngüe", do letramento e da escolarização. Os índios ainda observam, não poucas vezes perplexos, as guerras ou as danças das letras, enquanto a "ortografização" consagra o que ela permite e condena o que ela exclui, órgãos vitais de uma língua.
Subject
Arts and Humanities (miscellaneous),Anthropology
Reference17 articles.
1. "Povos indígenas do nordeste de Roraima";Boletim,1986
2. Lingüística missionária: Summer Institute of Linguistics;BARROS Maria Cândida D. M.,1993
3. Antropologia della scrittura;CARDONA Giorgio R.,1981
Cited by
16 articles.
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