Abstract
No filme Gattaca, imagina-se um futuro já nada distante em que os casais poderão consultar um especialista em fertilização artificial e escolher as características de seu futuro filho. Eles podem selecionar embriões fertilizados em laboratório, podendo também alterar seus traços genéticos, eliminando genes capazes de expressar doenças ou mesmo características físicas indesejáveis. Técnicas recentes, como a edição genética por Prime Editing ou por meio da CRISPR-Cas9, logo permitirão terapias gênicas em embriões fertilizados in vitro antes de sua implantação uterina. Neste artigo, pretendemos avaliar essas possibilidades, revisando criticamente alguns argumentos conhecidos contra o uso indiscriminado de tais técnicas (como o argumento da ladeira escorregadia, e os argumentos de Jurgen Habermas e Michael Sandel). Ao final, em defesa de que objeções de princípio a práticas eugênicas devem estar assentadas na proteção e promoção dos direitos humanos, pretendemos avaliar quais limites poderiam publicamente justificar a permissão ou proibição do uso privado de tais técnicas.
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