Abstract
A modernização das sociedades europeias, nomeadamente após a ii Grande Guerra e os inícios da década de 1960, conduziu a profundas mudanças no modo de organização das sociedades. Uma das mais salientes diz respeito ao crescimento da urbanização, à aceleração da industrialização, à proliferação dos meios de comunicação móvel e digital de massas e ao aumento da mobilidade geográfica. Esses elementos consubstanciam, no essencial, a teoria da societalização e a sua perspetiva da modernização como um processo de transição de uma organização de base comunitária (tipicamente tradicional e religiosa) para outra de base social (tipicamente moderna e secular). Essa ideia de transitoriedade, característica das teorias da secularização, é muito saliente na teoria da societalização e marca a sua compreensão sobre o lugar do religioso nas sociedades contemporâneas. De acordo com os teóricos da societalização, alguns fenómenos sociais contribuem para a diminuição dos laços comunitários, levando à perda de plausibilidade dos sistemas moral e religioso, normalmente associados a essas experiências de vida comunitária. Apesar das muitas críticas às teorias típicas da secularização, como a societalização, e do surgimento de uma miríade de alternativas conceptuais e teóricas, os cientistas sociais têm sentido dificuldades em responder, de forma sustentada, a uma questão fundamental: quais os processos da modernidade (se é que algum) que conseguem melhor descrever as mutações ou deslocações atuais do religioso nas sociedades hodiernas? Assim, com este trabalho, pretendemos dar resposta a dois argumentos fundamentais: a ideia de que se atingiu um impasse na discussão sobre a secularização e de que são necessárias novas metodologias e estratégias teóricas e empíricas para se compreenderem os efeitos da modernização na religião. Inspirados nos pressupostos duma das teorias mais proeminentes e sistematizadas da secularização — a societalização —, sugerimos a formação dum índice de societalização que seja correlacionável com uma medida de religiosidade individual. Concluímos que, para o conjunto de países europeus selecionados e para o período examinado (1999-2015), a teoria da secularização, que assevera que as sociedades mais societalizadas são menos religiosas, tem validade empírica.
Publisher
Universidad Nacional de Colombia
Subject
General Social Sciences,General Arts and Humanities
Reference41 articles.
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