Abstract
Neste ensaio, partindo-se da menção “Rio timor” no Atlas Vallard datado de 1547, procura-se reconstituir a origem primeva da informação, sustentando-se a hipótese de que os portugueses foram os primeiros europeus a fazer o reconhecimento da linha de costa do que hoje designamos como Austrália. Nessa demanda, conclui-se que existem relatos de cronistas e outros, que permitem situar Francisco Serrão como uma fonte de informação na região das Molucas – mencionando, em cartas, um “umnovo mundo” com vasta extensão - que teria sido encaminhada para Portugal, aí chegando cerca de 1515, incluindo padrão. Infere-se que terá sido essa uma origem provável da representação cartográfica de Brasilie Regio no globo de Schöner datado de 1515, depois atualizado como Brasilia Inferior no globo de 1520, numa configuração cuja semelhança com a linha de costa da parte ocidental australiana é indelével, associando-se com uma anomalia presente na América do Sul no mapa de Brouscon de 1543. Ainda se discute o contexto narrativo e ideológico da época que terá sido suporte de significação dos mapas de Dieppe, com ênfase nos relatos de João Afonso e nas agendas políticas, destacando a política de sigilo que então vigorava na coroa portuguesa com incidência particular na região das Molucas.
Publisher
Universidade Nacional Timor Lorosa'e
Reference80 articles.
1. Afonso, João (Jean Fonteneau ou Alphonse de Saintonge ou Ian Alfonce). (1544; 1904). La Cosmographie - Avec l'Espère et Regime de Soleil et du Nord (publicada e anotada por Georges Musset). Paris: Leroux Éditeur.
2. Afonso, João. (1559). Les voyages aventureux du capitaine Ian Alfonce Sainctongeois (Éd: Ian de Marnef). Poitiers: Pelican.
3. Alvarez, Walter; Leitão, Henrique. (2010). The negleted early history of geology: The Copernican Revolution as a major advance in understanding the Earth. Geology, v.38, n. 3, pp. 231-234. https://doi.org/10.1130/G30602.1
4. Argensola, Bartolomé Leonardo. (1609). Conquista de las Islas Malucas. Madrid: Alonso Martin.
5. Barbosa, Duarte. (1516, 1966). Livro em que dá relação do que viu e ouviu no Oriente (Introdução e notas de Augusto Reis Machado). Lisboa: Agência Geral das Colónias.