Author:
Domingues Anna Luiza Guagliardi,Rostirola Laís Sette
Abstract
Introdução: A endocardite infecciosa (EI) é uma infecção do endotélio cardíaco que pode ser provocada usualmente por bactérias e fungos. O crescimento superficial destes microrganismos (MOs) pode causar embolia em vários órgãos, como rins, pulmões, pele, cérebro e sistema nervoso central, levando a morte se não tratada adequadamente. A EI provocada por bactérias HACEK (Haemophilus spp., Aggregatibacter actinomycetemcomitans, Cardiobacterium hominis, Eikenella corrodens e Kingella kingae) afeta principalmente pacientes com doença cardíaca prévia ou válvulas artificiais, e é caracterizada por um curso insidioso, com atraso médio no diagnóstico de um mês (quando provocada por Haemophilus spp.) a 3 meses (quando causada por Aggregatibacter ou Cardiobacterium spp.).
Objetivo: Relatar um caso de EI provocada por MOs do grupo HACEK. Método: Trata-se do relato de um paciente atendido no Hospital Universitário São Francisco na Providência de Deus – HUSF, localizado na cidade de Bragança Paulista - SP.
Relato do Caso: Este relato descreve o caso de um paciente do sexo masculino, 50 anos, com histórico de febre persistente, sudorese, calafrios, fadiga e perda ponderal. Após avaliação clínica, o paciente foi diagnosticado com EI, com base nos achados clínicos, laboratoriais e de imagem, incluindo anemia microcítica, leucocitose com desvio à esquerda, PCR e VHS elevadas, presença de sopro diastólico, além de evidências de comprometimento valvar cardíaco no ecocardiograma transtorácico. Hemoculturas identificaram a bactéria A. aphrophilus como a causa da EI, e o tratamento com ceftriaxona foi iniciado. Devido à disfunção valvar significativa, o paciente foi submetido à cirurgia cardíaca com troca da valva tricúspide por uma prótese mitral, seguido por acompanhamento ambulatorial/cardiológico e avaliação odontológica.
Conclusão: Os MOs HACEK podem provocar EI em pacientes de diversas faixas etárias, incluindo crianças, e sua capacidade de afetar tanto válvulas nativas quanto protéticas ressalta a importância de uma abordagem clínica ampla e de alto índice de suspeita para o diagnóstico preciso. Além disso, a manutenção da saúde bucal e o controle de cáries são fatores importantes para a prevenção dessas infecções, e o uso de exames de imagem, como tomografias e ecocardiogramas, e a realização de culturas sanguíneas desempenham um papel fundamental na identificação e tratamento adequado dos pacientes com EI provocada por este grupo de bactérias. Portanto, a compreensão desses aspectos é essencial para melhorar o diagnóstico e a gestão clínica dessas infecções, que podem levar a morbidade substancial e mortalidade se não detectadas e tratadas a tempo.
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