Abstract
Neste ensaio, sintetizo as proposições do novo-desenvolvimentismo, corrente de pensamento econômico da qual o economista brasileiro Luiz Carlos Bresser-Pereira se destaca como o principal formulador. O argumento central do novo-desenvolvimentismo é que, nos países em desenvolvimento, trajetórias bem-sucedidas de alcance de renda per capita e de padrões de bem-estar para níveis médios prevalecentes nos países desenvolvidos (ou seja, a efetivação do catching-up) dependem da harmonização das políticas públicas (particularmente, as políticas industrial e tecnológica lato sensu e o regime macroeconômico), destinadas a sustentar o crescimento econômico e a promover a diversificação da estrutura produtiva e da pauta exportadora. Arranjos inadequados de política econômica podem fazer com que a rota inicialmente exitosa de catching up nos países em desenvolvimento seja desviada para longos períodos de estagnação, como tem sido o caso do Brasil e de diversos outros países em desenvolvimento nas últimas décadas. O artigo mostra que o principal avanço do novo-desenvolvimentismo em relação ao desenvolvimentismo clássico e cepalino é o esforço de integrar a macroeconomia à teoria do desenvolvimento econômico. Neste estudo, analiso as teses principais do novo-desenvolvimentismo, especialmente sua crítica à estratégia de crescimento com poupança externa e à não-neutralização da doença holandesa, “políticas habituais” observadas no Brasil e em outros países em desenvolvimento que, ao sobrevalorizar a moeda doméstica em relação às moedas dos parceiros comerciais, leva à desindustrialização e à estagnação econômica. No final, os comentários críticos a pontos que, a meu juízo, merecem aprimoramento na teoria novo-desenvolvimentista em nada afetam a validade e robustez de suas principais teses analisadas neste ensaio.
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