Abstract
A participação das crianças na escola é um ponto crucial da Convenção das Nações Unidas, mas há evidências de que as suas vozes têm pouco impacto nas decisões tomadas no sistema educativo, comprometendo a sua inclusão. Esta situação agrava-se para as que têm necessidades adicionais de suporte para a aprendizagem, um grupo particularmente desfavorecido e desprotegido, que reclama respostas efetivas face à diversidade e uma maior participação na sua formação e na vida da comunidade educativa. Cumulativamente, o papel desempenhado pelos professores é fundamental para atingir os objetivos da Agenda 2030 da ONU e garantir o direito de uma educação de qualidade, inclusiva e equitativa. O excesso de burocracia contraria e dificulta essas respostas, pois subalterniza a efetividade em favor do cumprimento procedimental/documental, é hierarquizada e despersonaliza as relações. A participação, em contrapartida, exige tempo, debate, partilha democrática, confronto de opiniões e trabalho em equipa. Este estudo, no qual colaboraram 3913 professores portugueses, averigua se a legislação sobre a educação inclusiva permite superar as disfuncionalidades burocráticas exponenciadas nas últimas décadas. Concluiu-se que a carga burocrática se intensificou, apresentando ineficácia pedagógica, ineficiência administrativo/pedagógica e inefetividade na vida dos alunos e de outros atores educativos.
Reference58 articles.
1. Afonso, A. J., & Mendes, G. M. L. (2018). Management and management policies in Lusophone countries: Critical perspectives on the New Public Management and post-bureaucracy in education. Education Policy Analysis Archives, 26(127). https: doi.org/10.14507/epaa.26.4254
2. Alonso, R., Romão, P., & Delgado, P. (2022). Teacher bureaucracy in Portugal: Knowing to act. Profesorado, Revista de currículum y formación del profesorado, 26(2), 341-365. https://doi.org/10.30827/profesorado.v26i2.21268
3. Araújo, P. (2021). Burocracia docente e educação inclusiva: questões de eficácia, eficiência e efetividade [Dissertação de mestrado, Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico do Porto]. Repositório Científico do Instituto Politécnico do Porto. https://recipp.ipp.pt/bitstream/10400.22/19574/1/DM_PedroAra%C3%BAjo_2021.pdf
4. Arzola Franco, D. (2014). La distancia entre el discurso de la participación y las prácticas participativas en los centros de educación secundaria. Revista Mexicana de investigación educativa, 19(61), 511-535.
5. Au, W. (2007). High-stakes testing and curricular control: A qualitative metasynthesis. Educational Researcher 36 (5), pp. 258–267. http://dx.doi.org/10.3102/0013189X07306523