Abstract
O divórcio acarreta muitas mudanças na vida dos filhos. Diante do aumento nos casos de rupturas conjugais e o consequente surgimento de novas organizações familiares, o objetivo do presente estudo foi realizar um levantamento da literatura científica nacional e internacional sobre a adaptação de crianças/filhos ao divórcio dos pais. Para tanto, realizou-se uma revisão sistemática de estudos publicados no período de janeiro de 2008 a julho de 2018, nas bases de dados PsycINFO, Scielo e PubMed. A amostra foi constituída por 63 artigos. Os resultados sugeriram considerável literatura existente em torno do tema, sendo constatada maior produção científica em 2015 a 2018, principalmente dos Estados Unidos da América e de países europeus, o que pode sugerir uma crescente preocupação por parte dos pesquisadores sobre esta temática. Os achados reportam algumas consequências como ansiedade, menor qualidade de vida e dificuldade de aprendizagem decorrente do divórcio parental. São evidenciados inúmeros fatores de risco associados à dissolução conjugal e ao desenvolvimento infantil como a guarda unilateral, o afastamento de um dos pais, o conflito interparental, entre outros. No entanto, também são identificados os fatores de proteção como os cuidados parentais adequados, a cooperação entre os ex-cônjuges e a qualidade das relações familiares que podem moderar ou minimizar eventuais efeitos negativos provenientes da ruptura conjugal nos filhos. Concluiu-se que as consequências negativas advindas da dissolução conjugal não são resultantes, única e exclusivamente, da configuração familiar na qual a criança está inserida, mas sim de uma ampla variedade de fatores.