Abstract
O argumento da abdução de Charles Peirce, ou raciocínio abdutivo, frequentemente foi identificado na literatura de Filosofia da Ciência com o argumento da inferência da melhor explicação (IBE) de Gilbert Harman. Essa identificação, embora muito comum, foi esclarecida como um equívoco, visto que enquanto a abdução descreve um processo gerativo de teorias, a IBE de Harman trata de um processo seletivo entre alternativas teóricas rivais. Todavia, Peter Lipton, buscando desenvolver IBE, apresentou uma estrutura muito similar à abdução peirciana com a finalidade de oferecer um modelo capaz de descrever tanto os momentos de geração, quanto de seleção de teorias. O objetivo deste artigo é o de mostrar que as duas diferentes concepções de IBE (a de Harman e de Lipton) implicam diferentes concepções sobre a própria noção de aceitação: enquanto Harman deixa a aceitação para uma etapa avaliatória final, Lipton coloca a aceitação no interior do processo de geração de uma produção científica.
Publisher
Griot Revista de Filosofia