Abstract
O artigo analisa as ansiedades em relação às queimadas e as especulações sobre um provável processo de desertificação na região do Brasil Central, nas primeiras décadas do século XX, com base no conto “Gente da Gleba”, do escritor goiano Hugo de Carvalho Ramos (1895-1921). Essa análise é realizada confrontando as percepções de Ramos, dos habitantes locais, de cientistas e viajantes da época sobre uma possível mudança no regime de chuvas no Brasil Central no início do século XX, provocada pelas queimadas na estação seca e consequente destruição das matas. Trata-se de um estudo possível por meio de uma abordagem que congrega a História Ambiental e a Ecocrítica ao investigar como os não-humanos impactam em uma obra literária em determinado período histórico. As preocupações esboçadas na obra “Gente da Gleba” guardam relação com diferentes perspectivas sobre o bioma Cerrado e o manejo do fogo nessa área, no início do século XX, mas também com as teorias de dessecamento, que eram um conjunto de ideias científicas forjava uma associação direta entre desmatamento e mudanças climáticas em nível local.
Publisher
Centro de Estudios de Historia Agraria de America Latina
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