Abstract
Ao comparar as dinâmicas normativas do português e do castelhano, comprovamos que existem diferenças consideráveis
no desenvolvimento histórico de seus espaços linguísticos e dos modelos de gestão da norma-padrão. Enquanto empresas
de comunicação fazem uso do conceito de “espanhol neutro”, como estratégia para ampliar mercados, e instituições
internacionais como a ASALE elaboram instrumentos que dizem descrever um español total, as condições históricas
que provocaram a constituição de dois grandes centros normativos do português, em Portugal e no Brasil, fazem que a
própria ideação de um “português neutro” pareça impossível.
À falta de uma política de gestão ampliada da língua por parte de Portugal, junta-se no caso do português a precária
constituição de um mercado linguístico internacional, com a desigual circulação de bens culturais entre seus principais
centros normativos. A comparação de ambas as dinâmicas permite compreender as condições materiais que fundamentam
uma ideologia de língua unida, no caso do espanhol, e por outro lado produzem uma ideologia da divisão linguística
no caso do português.
Publisher
Escola d'Administració Pública de Catalunya
Subject
Law,Linguistics and Language,Language and Linguistics
Reference45 articles.
1. Amorós-Negre, Carla. (2018). La estandarización lingüística de los relativos en el mundo hispánico. Una aproximación empírica. Iberoamericana/Vervuert.
2. Anderson, Benedict. (2008). Comunidades imaginadas. Reflexões sobre a origem e a difusão do nacionalismo (Denise Bottman, Trans.). Companhia das Letras. [Trabalho original publicado 1991]
3. Buarque de Holanda, Sérgio. (2008). Raízes do Brasil. Companhia das Letras. [Trabalho original publicado 1936]
4. Bagno, Marcos. (2003). A norma oculta. Língua & poder na sociedade brasileira. Parábola Editorial.
5. Bakhtin, Mikhail. (1982). Discourse in the Novel. Em Michael Holquist (Caryl Emerson e Michael Holquist, Trans.), The dialogic imagination: four essays by M. M. Bakhtin (pp. 259-422). University of Texas Press.