Saúde sexual da população LGBT+ vivendo com e sem vírus da imunodeficiência humana durante a pandemia de COVID-19: um estudo transversal

Abstract

Introdução: A pandemia de COVID-19 impactou diretamente toda a população mundial, incluindo mudanças no comportamento sexual. A população LGBT+ é afetada de maneira desproporcional pela pandemia. Objetivo: Avaliar características do comportamento sexual da população LGBT+ vivendo com e sem vírus da imunodeficiência humana durante a pandemia da COVID-19 no Brasil. Métodos: Estudo transversal realizado entre setembro e outubro de 2020. Os participantes foram recrutados por meio de uma amostragem por conveniência, sendo convidados a responder um questionário online com questões sobre comportamento sexual divulgado por redes sociais e sites direcionados à população LGBT+ maior de 18 anos. Resultados: A amostra foi composta de 623 participantes (58,7% gays, 15,5% lésbicas, 21,5% bissexuais), entre os quais 57 (9.1%) referiram diagnóstico de vírus da imunodeficiência humana. O uso de aplicativo de relacionamento foi maior entre as pessoas vivendo com vírus da imunodeficiência humana (94,1%) comparado com pessoas sem vírus da imunodeficiência humana (84,4%) (p=0,04). Uma maior redução no uso dos aplicativos nos primeiros meses de pandemia foi observada em indivíduos sem vírus da imunodeficiência humana (52,3% versus 30,3%, p=0,03). Embora no geral tenha havido uma diminuição importante no número de relações sexuais, não houve diferença entre o grupos (60,8% com vírus da imunodeficiência humana versus 57,9% sem vírus da imunodeficiência humana, p=0,86), assim como no uso de prevervativos. Entretanto, foi observada uma diminuição do número médio de parceiros casuais nesse período de 14 para 5 e de 4 para 2 entre pessoas vivendo com e sem vírus da imunodeficiência humana, respectivamente. Conclusão: A pandemia de COVID-19 impactou de forma importante no comportamento sexual da população LGBT+, com diminuição do número de parceiros casuais e aumento de uso de aplicativos de relacionamento, especialmente na população LGBT+ vivendo com vírus da imunodeficiência humana. Políticas de saúde voltadas a essa população para a prevenção de infecções sexualmente transmissíveis são fundamentais e precisam ser mantidas e intensificadas durante a pandemia.