Abstract
A discussão sobre os aspectos sociais da saúde se destacaram na área de saúde contemporânea. A compreensão das diferenças entre os determinantes sociais e a determinação social da saúde torna-se essencial, pois esses conceitos convergem em suas análises, mas abordam a influência social na saúde de maneiras diferentes. Os determinantes sociais enfocam fatores externos que afetam a saúde, enquanto a determinação social considera a complexa interação entre elementos biológicos, culturais, sociais e históricos. Este trabalho apresenta reflexões teóricas sobre esses conceitos e suas implicações para a atenção integral à saúde. A análise se baseia em uma resenha temática. Destacou-se o pensamento crítico latino-americano, que enfatizava a interdependência entre as condições de vida e saúde. Além disso, os estudos decoloniais e interseccionais ampliaram a compreensão dos determinantes sociais, que questionaram como o conhecimento científico foi historicamente produzido e como as desigualdades sociais foram perpetuadas. A abordagem interseccional analisou como diferentes categorias sociais moldaram as desigualdades em saúde e a importância de entender como os determinantes sociais se entrelaçam. Modelos explicativos do processo saúde-doença foram discutidos, apontando suas limitações e evoluções. O modelo unicausal, predominante no passado, mostrou limitações na compreensão de doenças complexas e determinantes sociais. O modelo preventivista, que descrevia o curso natural da doença, enfatiza a importância das ações preventivas, mas também foi criticado por sua abordagem individualista. O modelo integrado passou a reconhecer a complexa rede de fatores que influenciavam a saúde. Mais recentemente, modelos conceituais como o de Diderichsen e Hallqvist, enfatizaram a interligação entre o contexto social e as disparidades de saúde e o modelo de Solar e Irwin ressaltou o papel das condições de vida e redes de apoio social na promoção da saúde. A determinação social da saúde e a atenção integral são conceitos fundamentais para entender a influência social na saúde e promover uma assistência equitativa. O avanço desses conceitos requer pesquisas interdisciplinares, abordagens críticas e a consideração das complexas interações entre os diferentes níveis de determinantes sociais. A partir dessa compreensão, a proposta de políticas públicas mais abrangentes pode nos conduzir a uma sociedade mais saudável e equânime.
Publisher
Revista Cientifica Multidisciplinar Nucleo Do Conhecimento
Reference20 articles.
1. BALLESTRIN, L.. América Latina e o giro decolonial. Revista Brasileira de Ciência Política, n. 11, p. 89–117, maio 2013.
2. BENETTI, D. S.; GUARIDO, C. F. Ampliando horizontes: Avaliação dos determinantes sociais de Saúde em pacientes, para a melhoria na qualidade do tratamento. Expanding horizons: Assessment of social determinants of health in patients with the aim of better quality treatment. Edu.br [s.d.].
3. BORGHI, C. M. S. DE O.; OLIVEIRA, R. M. DE .; SEVALHO, G. Determinação ou determinantes sociais da saúde: texto e contexto na América Latina. Trabalho, Educação e Saúde, v. 16, n. 3, p. 869–897, set. 2018.
4. BRASIL. Ministério da Saúde. Lei Orgânica da Saúde – Lei nº 8.080/1990. Brasília, DF, 1990.
5. BREILH, J. Epidemiologia crítica: ciência emancipadora e interculturalidade. Abya-Yala, 2000.