Abstract
Despontando na sequência de um conjunto de reflexões por nós desenvolvidas nos últimos anos reveladoras de como a partir de finais do século XX, por um lado, o debate e a semântica do risco ganharam uma centralidade até aí desconhecida e, por outro, as ideias e práticas políticas neoliberais mediadas por intentos de privatização da proteção social e da dessocialização dos riscos, ganharam novo fulgor. O artigo busca problematizar e refletir sobre os impactos, inquietações provocadas por essas questões no agir quotidiano dos assistentes sociais. Problematiza as mediações complexas que perpassam as avaliações e decisões a tomar ante os riscos. Objetiva discutir e analisar como a agenda política neoliberal, evidenciando mutações nos olhares, representações sobre o saber-fazer profissional e a apreensão, enfrentamento, avaliação e regulação das situações de risco/perigo experiências pelas crianças e suas famílias, impactou, contribuiu para uma reconfiguração das práticas, identidades e valores do Serviço Social a intervir na esfera da proteção à infância no Reino Unido. Metodologicamente, optou-se por uma abordagem de cariz qualitativo, recorrendo a uma revisão sistemática e consistente da literatura especializada disponível em bases de dados científicas. Os resultados mostram como, no decurso do período em análise, a introdução de reformas na proteção à infância, evidencia a emergência de novas lógicas de gestão dos riscos mediados por uma cultura atuarial. A implementação de sistemas de gestão do risco cada vez mais científicos, ao contribuir para uma subordinação em crescendo da autonomia, expertise profissional a protocolos informáticos, propugnou uma redefinição da natureza do Serviço Social.
Publisher
Universidad Complutense de Madrid (UCM)
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