Abstract
À luz de literatura anglófona sobre a mediação da dor alheia (livre tradução para mediating distant suffering) na mídia e sobre testemunhos midiáticos (media witnessing), este artigo reflete sobre as narrativas adotadas por jornalistas em relação às vítimas da Covid-19, após o aumento acelerado de mortes pela doença no Brasil. Parte-se do impacto midiático causado pela criação do site Inumeráveis, construído de forma colaborativa, para analisar o tratamento adotado pelo hotsite Memorial Covid-19 do portal G1, criado um mês antes e alimentado por profissionais das emissoras afiliadas à Rede Globo de televisão. Argumenta-se que ambos os memoriais são fruto de uma “guinada moral” em relação à cobertura jornalística da pandemia, que até certo momento supervalorizou os números de doentes e mortos, sem considerar as experiências de vida por trás desses acontecimentos. Assim, conclui-se que os memoriais substituem os relatos baseados em índices racionais da pandemia pelas narrativas sensíveis ao sofrimento dos por ela afetados, pautados por testemunhos e pelo princípio de proximidade.
Publisher
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
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