Abstract
Nas últimas décadas, a desconstrução do paradigma antropocêntrico colocou questões como a exploração animal no centro dos debates éticos e meta-éticos modernos. Este tema tem sido o foco de atenção também no âmbito dos estudos Kantianos. À luz das diferenças fundamentais entre seres humanos e animais e da impossibilidade posta pela teoria de Kant de atribuir deveres diretos aos animais, tornar sua filosofia prática útil para a defesa do bem-estar animal parece uma tarefa impossível. A esta dificuldade soma-se a crítica de que uma teoria baseada em princípios universais e deveres individuais pode ser inadequada para lidar com o bem-estar animal sob considerações culturais e situacionais. Ao abordar estes desafios, pretendo mostrar que a filosofia prática de Kant fornece recursos valiosos para a defesa do bem-estar animal. Neste espírito, eu sustento que, embora limitado, o tratamento de Kant acerca do auto-engano é uma forma promissora de fazer a ponte entre o bem-estar animal e o ethos da sua teoria moral.
Publisher
Aufklarung Journal of Philosophy