Abstract
O conceito de face ganhou bastante destaque nos estudos sociológicos e linguísticos, especialmente na área da pragmática e sociolinguística interacional. Postulado na década de sessenta, e embora coerente com a atualidade, o conceito não abriga as características das interações da pós-modernidade. Portanto, este texto tem como objetivo atualizar o conceito de face relacionando-o aos estudos da polidez e da positividade na performance do “eu” em interações das redes sociais. Proponho que a face positiva, em tempos de capitalismo tardio, seja considerada uma face essencialmente positivada, a começar pela essência individualista do paradigma de polidez, que, talvez influenciados também pelo contexto histórico e social da época se permitiram vislumbrar um conceito tão alinhado com a perspectiva já apontada. Para isto, foi realizada uma revisão bibliográfica que incluiu os estudos de Goffman (1963a;1963b;1967;1975), Brown e Levinson (1987), Bourdieu (2010), Brinkmann (2022), Cabanas e Illouz (2022), Han (2019), Ortega e Gasset (1962), Barros (2011), Recuero (2009), Strömquist (2023), entre outros. Considerando o contexto do capitalismo tardio e da intensificação das interações sociais através das redes sociais da internet, defendo que a face é monetizada, sendo ela essencialmente positivada por meio de uma fluidez inerente variando conforme o contexto e o nicho interacional.
Publisher
Revista Linguagem em Foco
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