Abstract
Este estudo buscou compreender como uma organização cultural desenvolve a prática do teatro a partir da enculturação das lógicas institucionais. Para cumprir com o objetivo proposto, foi realizada uma pesquisa qualitativa com dados coletados por fontes documentais, entrevistas e etnografia. A análise dos dados se deu por meio da análise narrativa. As lógicas institucionais podem ser consideradas como uma troika entre sujeito, práticas e objetos, mediada por um bem e seus valores, em que foi possível identificar recursividade por meio da enculturação, a qual ocorre no nível declarado (intencional) e não declarado (não intencional). Desta forma, este estudo destaca como a organização cultural Art&Vida enculturou diferentes lógicas institucionais, como o teatro amador e o moderno. Ao acomodar os elementos nos níveis analíticos, o Art&Vida dispôs no nível declarado e não declarado, respectivamente o teatro é conduzido por meio de símbolos e atitudes, bem como se tornou uma representação e compõe as habilidades e esquemas dos atores. A partir da enculturação, a organização cultural modificou o significado dos elementos institucionais e formou a lógica institucional híbrida, a qual denominamos de teatro interiorano. Assim sendo, a recursividade ocorre para atender as necessidades da comunidade local. Este estudo contribui ao destacar que, embora as instituições sejam estáveis, existe abertura para a ação por meio da interpretação. Como pesquisas futuras, sugere-se compreender como a enculturação pode produzir lógicas institucionais híbridas em diferentes contextos.
Publisher
IBEPES (Instituto Brasileiro de Estudos e Pesquisas Sociais)
Reference47 articles.
1. Angrosino, M. (2009). Etnografia e observação participante: coleção pesquisa qualitativa. Bookman Editora.
2. Barroso, A. V. (2018). Os Primórdios do Teatro no Brasil: da Colonização Portuguesa ao Teatro Jesuítico do século XVI. Recuperado de: https://theatroalencar.wordpress.com/category/teatro/
3. Awuzie, B., McDermott, P. (2017), "An abductive approach to qualitative built environment research: a viable system methodological exposé". Qualitative Research Journal, 17(4), 356-372. https://doi.org/10.1108/QRJ-08-2016-0048
4. Bendassolli, P. F., Wood Jr, T., Kirschbaum, C., & Cunha, M. P. (2009). Indústrias criativas: definição, limites e possibilidades. Revista de Administração de Empresas. 49(10), 10-18. https://doi.org/10.1590/S0034-75902009000100003
5. Berger, PL, Luckmann, T (2003). The social construction of reality: a treatise in the sociology of knowledge. New York: Anchor Books.