Abstract
Como é que os médicos observavam e analisavam a alimentação dos portugueses durante o século XX? Para responder a essa questão, neste artigo revisitamos a presença dos regimes alimentares no pensamento médico, especialmente durante o Estado Novo. Concluímos que as ideias sobre a alimentação e a nutrição se enquadravam numa lógica de promoção de melhoria da sociedade, em que os médicos surgiam como agentes privilegiados na correção de condutas que eram entendidas como prejudiciais. A construção da sua identidade profissional e intervenção social era assim feita de forma a reconfigurar padrões quotidianos, numa abordagem que ultrapassava classes e regiões, compondo uma noção integradora do país.