Abstract
No período entre o último quartel do século XIX e primeiros anos do século XX coincidiram em Portugal três processos históricos diferenciados, mas conexos: um modesto crescimento industrial, a disseminação da fotografia como prática corrente e a publicação de imagens fotográficas na imprensa ilustrada. Este artigo analisa o modo como uma revista ilustrada, O Occidente, representou a indústria portuguesa, através da publicação de fotografias ou gravuras de fotografias. Seguindo uma metodologia que combina semiótica com análise de conteúdo em fotojornalismo, este estudo mostra que O Occidente criou uma ideia da indústria nacional como um setor moderno, inovador e prova do progresso português, que não coincidia com a sua verdadeira realidade. Este artigo contribui para o debate académico sobre a importância da fotografia como fonte histórica (e não apenas como instrumento ilustrativo) e para história empresarial, nomeadamente as representações que se criavam e disseminavam sobre a indústria portuguesa.