Abstract
A partir da segunda metade do século XIX, duas tecnologias foram implementadas e desenvolvidas em Portugal: a fotografia e a ferrovia. Neste artigo, analiso as interações entre ambas em oito álbuns fotográficos que retratam a construção, operação e aspetos diversos de linhas-férreas portuguesas construídas entre 1872 e 1914: Minho, Douro, Beira Alta (dois álbuns), Tua, Salamanca à fronteira portuguesa, Norte (construção da ponte Maria Pia) e Vouga. Partindo da bibliografia existente sobre fotografia ferroviária, revisito algumas das suas conclusões e adiciono reflexões sobre a fotografia como instrumento de apropriação territorial e de criação de paisagens, bem como sobre a sua dimensão material, enquanto veículo que transporta ideologia, representações e lugares. Contribuo para o debate sobre o uso da fotografia como fonte primária (e não apenas como um acessório ilustrativo) e para um apelo a um maior uso desta fonte na análise historiográfica, sobretudo no campo da história dos transportes.