Abstract
Este artigo trata de um fenómeno de hibridização dentro da genologia do jornalismo na contemporaneidade. Com base numa análise de uma reportagem televisiva, emitida pela cadeia privada de televisão portuguesa TVI, demonstra-se como um género nobre do jornalismo televisivo – a grande reportagem – foi colonizado por práticas narrativas e discursivas características da ficção, com impacto a diversos níveis. Ponderando as possíveis causas desta opção, pensam-se criticamente as consequências para a perceção pública de um tema de saúde pública – a gravidez medicamente assistida (GMA). A análise recorre a uma metodologia qualitativa – a análise narrativa – e enquadra-se no campo teórico da análise dos media e dos estudos narrativos mediáticos. Há também um suporte especializado sobre o tema em questão – criopreservação e procriação medicamente assistida – que é fundamental para compreender questões de representação, mediação e efeitos da narrativa televisiva exibida pela estação televisiva.