Abstract
Introdução: Principalmente após a instituição das Diretrizes Curriculares Nacionais dos cursos de graduação em Medicina, espera-se que seja predominante na formação médica a clínica ampliada, ou seja, aquela que tem como foco central o sujeito e suas particularidades. Objetivo: Buscou-se compreender as concepções sobre clínica presentes no imaginário de estudantes e professores de um curso de graduação em Medicina de uma universidade federal localizada no Sul do país. Métodos: Trata-se de estudo de caráter exploratório e qualitativo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa de uma universidade federal, sob o Parecer nº 2.950.932, de 9 de outubro de 2018. A coleta de dados deu-se com base em entrevistas com docentes médicos (n=21) e grupos focais com acadêmicos (n=43) que, posteriormente, foram tratados pela análise de conteúdo de Bardin. Resultados: Aspectos inerentes à clínica ampliada foram levantados, sobretudo no que diz respeito ao estabelecimento de uma boa relação médico-paciente, à necessidade de desenvolver habilidades comunicativas e de haver um equilíbrio entre os componentes técnico, ético e humanístico. Contudo, alguns discursos característicos da clínica tradicional foram notados, principalmente relacionados à clínica focada no diagnóstico e tratamento de doenças. Conclusões: Com esses resultados é possível concluir que, apesar de a clínica ampliada estar presente no curso em questão, isso ainda não se efetivou completamente.
Publisher
Sociedade Brasileira de Medicina de Familia e Comunidade (SBMFC)
Reference32 articles.
1. Paraguay NLB. A clínica e o ensino na atenção primária [dissertação de mestrado]. Campinas: Universidade Estadual de Campinas; 2011.
2. Guedes CR, Nogueira MI, Camargo Júnior KR. A subjetividade como anomalia: contribuições epistemológicas para a crítica do modelo biomédico. Ciênc Saúde Coletiva 2006;11(4):1093-103. https://doi.org/10.1590/S1413-81232006000400030
3. Brasil. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências [acessado em 10 dez. 2020]. Brasília, DF; 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm
4. Bedrikow R, Campos GWS. Clínica: a arte de equilibrar a doença e o sujeito. Rev Assoc Med Bras 2011;57(6):610-12. https://doi.org/10.1590/S0104-42302011000600003
5. Mattos, RA. Os sentidos da integralidade: algumas reflexões acerca de valores que merecem ser defendidos. In: Mattos RA, Pineheiro R (Orgs). Os sentidos da integralidade na atenção e no cuidado à saúde. Rio de Janeiro: UERJ, IMS, ABRASCO; 2006.