Abstract
Introdução: O método clínico centrado na pessoa (MCCP) tem como objetivo proporcionar um atendimento humanizado e centrado no paciente. A aplicação do MCCP melhora a relação médico-paciente e tem impacto no desfecho clínico. No entanto, há desafios e realizar uma consulta centrada no paciente pode ter barreiras relacionadas com fatores que vão desde a aplicação da técnica até limitações por conta do contexto clínico. Diante da relevância do MCCP na prática clínica e do crescente estímulo para o ensino desse método, torna-se indispensável medir a autoavaliação dos médicos com relação à prática de um atendimento centrado na pessoa. Com isso é possível desenvolver estratégias pedagógicas mais adaptadas às dificuldades apontadas, especialmente para residentes de Medicina de Família e Comunidade (MFC). Objetivo: Adaptar culturalmente e validar a versão brasileira do questionário “Autopercepção do Desempenho da Medicina Centrada na Pessoa em Medicina Geral e Familiar”. Métodos: O questionário é composto de 22 questões autorreflexivas relacionadas ao uso do MCCP pelos profissionais. Inicialmente foi realizada a adaptação cultural do questionário para a língua portuguesa falada no Brasil e então foi realizada a aplicação em médicos residentes de MFC, recrutados pelo método de amostragem “bola de neve”, que aplica cadeias de referência para o recrutamento. A coleta de dados foi on-line, tendo sido analisados médias, desvio padrão, análise de conteúdo, análise fatorial exploratória e alfa de Cronbach. Consideramos significativos valores-p menores ou iguais que 0,05 e cargas fatoriais superiores a 0,3. Resultados: O questionário foi respondido por 76 médicos residentes de MFC, 50% do primeiro e 50% do segundo ano. A análise fatorial sugeriu que o questionário possui um componente, todas as questões foram mantidas por alcançarem cargas fatoriais maiores que 0,3. A confiabilidade por meio do valor alfa de Cronbach do questionário foi de 0,913. Os itens em que os médicos residentes demonstraram maior dificuldade foram aqueles relacionados à perspectiva dos pacientes e as suas expectativas. Conclusões: A versão adaptada do português para o Brasil teve boa validade, apresentou número de dimensão diferente da escala original, mas teve uma alta confiabilidade. Assim, podemos recomendar o uso da escala, que apresenta inicialmente valores psicométricos adequados para uma dimensão. Este é um estudo inicial, todos os itens apresentaram boa compreensão segundo os participantes, no entanto outros estudos são necessários para confirmar a dimensionalidade da escala para o Brasil.
Publisher
Sociedade Brasileira de Medicina de Familia e Comunidade (SBMFC)
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