Abstract
Nas últimas décadas, o agravamento da crise climática global tem constituído novos desafios às ciências ambientais e sociais, especialmente na mobilização de abordagens teórico-metodológicas capazes de explicar a complexidade socioecológica do problema. O presente estudo compreende um esforço nesse sentido, orientado pelo seguinte questionamento: “Como as emergências climáticas afetam o ordenamento social e político na modernidade em tempos de emergência climática ou da sociedade de risco global?”. O objetivo é explicar como as novas questões socioecológicas têm impactado as disputas em torno da reforma agrária no país. Com este propósito, realizou-se um estudo de caso no assentamento Mário Lago, em Ribeirão Preto /SP, cuja justificativa é fundamentada na defesa do meio ambiente, em especial na proteção das águas do Aquífero Guarani. Além disso, foram adotados como pressupostos teóricos a sociologia das justificações e a sociologia das metamorfoses. Para composição dos corpos de dados, foram realizadas 16 entrevistas no modelo relato de vida, com atores envolvidos na valoração socioecológica do assentamento, assim como o acompanhamento de disputas em arenas públicas locais. Também foram analisadas as estratégias para a produção de provas de veracidade que proporcionam embasamento aos discursos justificativos da opção ecológica mobilizados pelo MST. Conclui-se que os princípios socioecológicos têm se consolidado como uma nova funcionalidade da agricultura, representando uma força social e política significativa em disputas em torno da reforma agrária, considerando em particular o caso do estado de São Paulo.
Publisher
Universidade Federal do Paraná