Abstract
Para além da escola, do discurso político e dos produtos culturais, os média têm um papel central no processo de aprendizagem dos jovens e na (re)construção de representações recíprocas. A televisão, os média sociais e o cinema são centrais na difusão e reificação de determinadas representações sociais. Neste artigo, exploramos a narrativa do filme Ilha da Cova da Moura de Rui Simões (2010), cruzando os testemunhos das personagens com os resultados da entrevista ao realizador. Este filme explora três temas centrais: (a) a importância do associativismo e da mobilização coletiva no bairro; (b) a ideia de pertença e a agência na comunidade; e (c) o preconceito e discriminação racial vivenciados por habitantes do bairro. A intenção do realizador com este filme é desconstruir os estereótipos associados ao bairro. Argumentamos que este e outros filmes podem constituir instrumentos importantes para uma literacia mediática multidimensional e multicultural. Importa criar espaços, ao longo do processo educativo de crianças e jovens, nos quais os lugares comuns do racismo possam ser discutidos e contestados. Neste contexto, as artes, e especificamente o cinema, têm um papel primordial.
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