Abstract
Este artigo ocupa-se do conceito de ‘Figura’ tal como Deleuze no-lo dá a pensar, sobretudo, nos ensaios Francis Bacon – Logique de la Sensation, Cinéma 1 – L’Image-mouvement e Cinéma 2 – L’Image-temps. Pretendemos defender a hipótese seguinte: a Figura deve compreender-se a partir de um conflito interior entre movimentos, modelos distintos. Por um lado, um desejo de conformidade ideal com um modelo discernível, estável; por outro lado, a deformação, a morte como modelo, morte múltipla, impessoal, sem relação necessária com um instante derradeiro, uma posição definitiva num quadro temporal a compreender em termos cronológicos, dizendo, distintamente, respeito a um elemento transformativo, vital, implicando uma possibilidade iterativa, ou de iteração, o eterno retorno da morte. Interessa-nos, em particular, acompanhar a repetição desta estrutura nos conceitos que a Figura solicita, que constituem a sua exo-consistência, como sejam os conceitos de ‘Imagem’, ‘corpo sem órgãos’, ‘Memória’, ‘perversão’ e ‘democracia’. Concluímos justamente sublinhando o alcance não apenas estético-artístico, mas, também, político da Figura, forçando-nos a repropor de novo e diferentemente a questão da democracia enquanto tarefa, devir-democrático, para além de qualquer espécie de forma-Estado que adequadamente a concretize.
Reference66 articles.
1. Adkins, B. (2007). Death and desire in Hegel, Heidegger and Deleuze. Edinburgh University Press.
2. Agamben, G. (1995). Homo Sacer – Il potere sovrano e la nuda vita. Einaudi.
3. Ansell-Pearson, K. (1999). Germinal life: The difference and repetition of Deleuze. Routledge.
4. Aristóteles. (1957). Aristotelis: Politica (W. D. Ross, Ed.). Oxford University Press.
5. Aristóteles. (1995). Poetics (S. Halliwell, Ed.). Harvard University Press.