Abstract
A hiperglicemia afeta mais de 30% dos adultos hospitalizados por doença não crítica e está associada a um risco aumentado de desfechos clínicos adversos. A insulinoterapia é amplamente utilizada pela sua segurança e eficácia. Contudo, face à disponibilidade crescente de novos fármacos antidiabéticos com benefícios além do controlo glicémico, surgem desafios quanto à sua utilização em contexto hospitalar. Este artigo tem como objetivo rever e sumariar a evidência e as recomendações mais recentemente disponibilizadas sobre o papel dos antidiabéticos não insulínicos na gestão da hiperglicemia a nível hospitalar. A insulinoterapia mantém-se como o método de eleição. Os inibidores da dipeptidil peptidase 4 podem ser considerados em casos de hiperglicemia ligeira a moderada, como alternativa ou de forma complementar à insulinoterapia. Os agonistas dos recetores do glucagon-like peptide 1 têm recentemente revelado resultados promissores, com elevada eficácia no controlo glicémico e risco baixo de hipoglicemia. Existem preocupações relativas ao risco acrescido de acidose com a metformina, sobretudo em casos de doença aguda, apesar de não existir evidência que suporte a sua suspensão em doentes selecionados e com relativa estabilidade clínica. Os inibidores do cotransportador de sódio-glicose-2 devem ser descontinuados em situações clínicas que possam predispor a cetoacidose, incluindo episódios de doença aguda. A utilização hospitalar das sulfonilureias e das tiazolidinedionas é desaconselhada.
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