Abstract
Introdução: Em Portugal, o número de médicos internos em Neurocirurgia tem vindo a aumentar progressivamente ao longo dos anos, contudo esta evolução não tem sido acompanhada de estudos que permitam compreender o estado atual da formação. Foi objetivo deste estudo caracterizar e quantificar a satisfação na formação especializada em Neurocirurgia, em Portugal, no ano de 2019.Material e Métodos: Estudo quantitativo, observacional e transversal baseado num questionário original enviado eletronicamente aos internos e recém-especialistas de Neurocirurgia entre outubro e dezembro de 2019. Incluiu-se perguntas sobre características e satisfação em termos de formação teórica, prática, entre outras.Resultados: Obtiveram-se 37 respostas em médicos com cerca de 29,0 (± 4,0) anos, 78,4% homens e 54,1% provenientes de centros do Centro/Sul/Ilhas. Do total de respostas obtidas, 51,4% vieram de internos dos três primeiros anos. Quanto à formação teórica, evidenciou-se insatisfação em relação às reuniões de morbimortalidade (59,5%), existência de sessões/laboratório anatómico (89,2%), participação no ensino graduado (64,9%) e em investigação (64,9%). Quanto à formação prática, a insatisfação evidencia-se apenas em relação à consulta externa (56,8%). A primeira intervenção cirúrgica tende a ser realizada no primeiro mês de internato, no primeiro ano. Por ordem crescente, a primeira cirurgia é de trauma craniano (5,09 ± 4,59 meses), patologia de liquor (5,95 ± 4,3 meses), nervos periféricos (6,0 ± 7,0 meses), craniotomia (6,59 ± 3,88 meses) e patologia lombar (11,41 ± 1,5 meses). A cirurgia pediátrica é a última a ser iniciada (19,36 ± 20,0 meses). Parece existir satisfação geral com a avaliação anual (59,5%) mas não com a final (37,8%).Conclusão: Este estudo cumpriu o objetivo principal de ser um ponto de partida na caracterização dos centros neurocirúrgicos portugueses e da satisfação no internato de formação especializada em Neurocirurgia.