Abstract
Introdução: A contraceção na adolescência tem um papel fundamental na sociedade por prevenir gravidezes indesejadas e infeções sexualmente transmissíveis. O uso de métodos contracetivos reversíveis de longa duração (LARCs) tem vindo a ser recomendado pela sua eficácia e perfil de segurança nesta faixa etária. O objetivo deste estudo foi avaliar a utilização de LARCs na população de uma consulta de Ginecologia da Infância e Adolescência e descrever as características sociodemográficas das adolescentes assim como a prática contracetiva prévia.Material e Métodos: Análise retrospetiva que incluiu as adolescentes utilizadoras de LARCs, acompanhadas na consulta de Ginecologia da Infância e Adolescência de um hospital pediátrico terciário português, no período entre junho de 2012 e junho de 2021.Resultados: Foram incluídas 122 adolescentes, cuja mediana de idades foi 16 (11 – 18) anos. Destas, 62,3% (n = 76) eram sexualmente ativas. O método preferencial foi o implante subcutâneo, colocado em 82,3% (n = 101), seguido do sistema intrauterino de Levonorgestrel (SIU-LNG) em 16,4% (n = 20) e o dispositivo intrauterino de cobre em 1,3% (n = 1). As principais indicações para a escolha de LARCs foram desejo contracetivo em 90,2% (n = 110), hemorragia uterina anormal da puberdade em 14,8% (n = 18), dismenorreia em 10,7% (n = 13) e necessidade de amenorreia em 0,8% (n = 1). O tempo mediano de utilização do implante foi 20 (1 – 48) meses e do SIU-LNG 20 (1 – 36) meses. A taxa de continuidade aos 12 meses para ambos foi de 76,2% (n = 93). A taxa de remoção antes do tempo padronizado foi de 9,8% (n = 12) nas adolescentes que colocaram implante, sendo que não foram removidos SIU-LNG ou dispositivo intrauterino de cobre. Não se registaram gravidezes após a colocação de LARCs.Conclusão: O desejo contracetivo foi o primeiro motivo para a escolha de um LARC seguido do controlo da hemorragia uterina anormal e da dismenorreia. Todos estes fatores poderão contribuir para a elevada taxa de satisfação e continuidade destes métodos.
Reference19 articles.
1. Todd N, Black A. Contraception for adolescents. J Clin Res Pediatr Endocrinol. 2020;12:28.
2. Raidoo S, Kaneshiro B. Contraception counseling for adolescents. Curr Opin Obstet Gynecol. 2017;29:310-5.
3. Statista. Share of live births to mothers aged under 20 years in Europe in 2017. [consultado 2022 jan 17]. Disponível em: https://www.statista.com/statistics/921890/rate-of-births-to-teenage-mothers-in-europe-by-country.
4. Metis. Gravidez na adolescência. [consultado 2022 jan 01]. Disponível em: http://www.metis.med.up.pt/index.php/Gravidez_na_adolesc%C3%AAncia.
5. Sociedade Portuguesa da Contraceçã o, Sociedade Portuguesa de Ginecologia, Sociedade Portuguesa de Medicina da Reproduçã o. Consenso sobre Contraceção 2020 - Versão Digital. [consultado 2022 jan 01]. Disponível em: https://www.spdc.pt/11- noticias/210-consenso-sobre-contracecao-2020.