Abstract
Introdução: A evidência internacional tem demonstrado desigualdades sociais no risco de morte por SARS-CoV-2 (COVID-19). Em Portugal, a impossibilidade de identificar a condição socioeconómica dos indivíduos falecidos impede esta medição. Este estudo analisa as desigualdades sociais nos fatores de risco de morte por COVID-19 em Portugal.Material e Métodos: Foram utilizados dados do sexto Inquérito Nacional de Saúde, conduzido entre setembro e dezembro de 2019, para pessoas entre 25 e 79 anos (n = 12 052). Foram consideradas as morbilidades com ligação demonstrada à morte por COVID-19: asma, bronquite crónica, doenças cardiovasculares (DCV) e cerebrovasculares (AVC), diabetes, hipertensão, doença renal crónica (DRC) e obesidade. A desigualdade, estratificada por sexo, foi medida em termos de educação e rendimento, através de regressões logísticas (odds ratios e índice relativo de desigualdade).Resultados: Em comparação com os homens com o nível de educação mais baixo, foi medido um risco inferior, para os homens com educação terciária, de DCV (-90%), bronquite crónica (-75%), AVC (-70%), diabetes (-62%), hipertensão (-41%) e obesidade (-43%). Nas mulheres com educação terciária, foi observada uma redução de risco de DRC (-77%), hipertensão, diabetes e AVC (-70%), obesidade (-64%) e DCV (-55%). Exceto no caso da obesidade nos homens, o risco de doença foi sempre estatisticamente inferior no quinto quintil de rendimento, comparado com o primeiro.Conclusão: Existiam, em 2019, desigualdades socioeconómicas de grande magnitude para oito doenças cuja ligação à mortalidade por COVID-19 foi amplamente identificada.
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