Abstract
A gaguez é uma perturbação da comunicação a nível da fluência em que a pessoa sabe claramente a mensagem que quer transmitir, mas o seu discurso é caracterizado por alterações do ritmo, repetições, prolongamentos, pausas e bloqueios, podendo ainda associar-se a quadros de ansiedade ou tensão emocional. Até uma em cada seis crianças, tipicamente entre os dois e os cinco anos, experienciam um período de disfluência transitória, com habitual recuperação espontânea até à idade escolar, verificando-se uma prevalência de gaguez em até 1% da população adulta, com maior incidência no sexo masculino (4:1). Em Portugal, é estimado que a gaguez afete cerca de 100 mil pessoas, adquirindo particular importância pela sua frequência e associação a redução da autoestima, ansiedade e isolamento social com impacto na capacidade de comunicação do indivíduo e no seu bem-estar e interações sociais. Este artigo tem como objectivo alertar para a complexidade da abordagem diagnóstica e terapêutica em idade pediátrica, com particular incidência na diferenciação entre disfluências normais da fala e perturbação da fluência com início na infância (gaguez) e critérios de referenciação, pretendendo consciencializar e facilitar a deteção e orientação precoce destes casos.
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