Abstract
A história do Brasil pós-abolição revela um complexo cenário de transformações sociais e econômicas que mantiveram formas de exploração e desigualdade. A transição do trabalho escravo para o livre foi marcada pela imigração estrangeira para suprir a demanda agrícola, especialmente no Sudeste, onde a cafeicultura predominava. Contudo, a coerção extrajurídica persistiu, principalmente sob a forma de trabalho por dívida, restringindo a mobilidade dos trabalhadores. A imigração italiana foi vista como solução, enquanto trabalhadores nacionais eram marginalizados e estigmatizados, refletindo preconceitos e resquícios do sistema escravocrata. Com a industrialização e urbanização, a segregação entre trabalhadores brasileiros e estrangeiros continuou, marcada por superexploração, baixos salários e condições desumanas. A resistência trabalhista, influenciada por anarquismo e socialismo europeus, enfrentou repressão política e econômica, limitando conquistas e direitos. A Revolução de 1930 trouxe uma intervenção estatal nas organizações sindicais e relações de trabalho, visando mais ao controle social do que à promoção de direitos trabalhistas. O capitalismo no Brasil seguiu uma "modernização conservadora," mantendo desigualdades socioeconômicas e excluindo classes subalternas dos processos de mudança social. Este estudo, através de revisão bibliográfica de autores como Kowarick, Prado Jr., Dedecca e Oliveira, examina as configurações do trabalho e as lutas trabalhistas no Brasil do pós-abolição até a Constituição de 1988.
Publisher
State University of Mato Grosso do Sul
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