Author:
Ribeiro Janaina de Alencar
Abstract
Considerando como correta a vinculação entre feminismo e Antropologia Social, especificamente o entendimento da opressão feminina e a pertinência de sua universalidade, as teóricas feministas, com o intuito de estruturar sua atuação política, paulatinamente acabaram por apropriar-se dos resultados dos estudos etnológicos e antropológicos – mesmo que tais estudos fossem preliminares e centrados em contextos etnográficos diversos e particulares. Desse modo, para o feminismo, os estudos antropológicos serviram para aperfeiçoar seus argumentos que reivindicam a constatação da universalidade da opressão feminina. A maioria desses debates foi pautada, portanto, em estudos antropológicos que tratam do complexo ideológico do “antagonismo sexual” – definido por Quinn (1974) por meio de exemplos como segregação dos espaços e das atividades rituais secretas às mulheres e às crianças, presença de estupros coletivos e sanção às mulheres frente a atos não desejáveis, incluindo a percepção do sangue menstrual como uma “poluição feminina”. Já outra corrente de estudos, que chamo aqui de “complementaridade de gênero”, surgiu focada na construção da “diferença de gênero” para cada contexto específico e evitando generalizações e universalizações de categorias que são propriamente ocidentais.
Publisher
Instituto de Saude da Secretaria de Estado da Saude de Sao Paulo
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