Abstract
Na Idade Média, as relíquias não eram apenas objetos de culto e veneração, eram o medium através do qual o sagrado se manifestava de maneira privilegiada e ao redor do qual a vida social se construía. O objetivo deste artigo é propor uma leitura comunicativa das relíquias, o que implica compreender as relíquias como res sacrae, como medium do sagrado. Para tanto, este artigo se desdobra em cinco eixos reflexivos complementares: o papel das relíquias no surgimento do culto aos santos; a questão das materialidades das relíquias; a capacidade das relíquias de provocar a mobilidade do sagrado; a questão da vida social das relíquias; e, por fim, uma discussão sobre as controvérsias e o declínio das relíquias. Os elementos que emergem dessa reflexão sugerem que a relíquia, enquanto medium, não é apenas uma instância neutra utilizada como instrumento de poder pelas elites religiosas, mas sim um elemento mediador cuja materialidade foi fundamental para a construção do imaginário religioso da época.
Publisher
Universidade Estadual de Londrina
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