Abstract
Este artigo se detém sobre o uso trágico da paisagem natural em Wuthering Heights. O principal cenário da narrativa é o de uma fazenda isolada no norte da Inglaterra, situada no topo de uma colina, rodeada por uma vegetação árida, com pedras e urzais, de clima rigoroso e muita ventania. Emily Brontë recorre a elementos dessa paisagem, como a urze, o vento e a pedra, para caracterizar a identidade de suas personagens protagonistas, Catherine e Heathcliff, como uma metáfora de sua afinidade e da necessidade que têm um do outro. Essa imagem ajuda a compor o acontecimento trágico, que é a alienação entre os dois, traduzida no fato de que ambos se afastam daqueles elementos. A consumação da tragédia, determinada pela impossibilidade de reunião entre Catherine e Heathcliff, também é ilustrada por tal imagem: ao fim do romance, a urze cresce sobre a lápide de pedra de Catherine e de Heathcliff, que afinal se integram, na morte, à paisagem com que se identificavam.
Publisher
Universidade Estadual de Londrina
Reference13 articles.
1. BRONTË, Emily. O morro dos ventos uivantes. Trad. Julia Romeu. São Paulo: Penguin / Companhia das Letras, 2021.
2. EAGLETON, Terry. Sweet Violence: The Idea of the Tragic. Oxford: Blackwell, 2003.
3. EAGLETON, Terry. The English Novel: An Introduction. United Kingdom: Blackwell, 2005.
4. COSTA, Júlia Mota Silva. Emily Brontë: paixões, natureza e moralidade. Dissertação (Mestrado em Teoria e História Literária). Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2022.
5. GIRDLER, Lew. Wuthering Heights and Shakespeare. Huntington Library Quarterly, Philadelphia, v. 19, n. 4, p. 385-392, Aug. 1956. Disponível em: https://doi.org/10.2307/3816400.