Abstract
Pretendemos abordar a ecolalia no autismo como uma manifestação da resistência oferecida pelo corpo da criança à perda do som, isto é, à implantação do significante, partindo da posição psicanalítica segundo a qual, para se tornar falante, a criança precisa perder/esquecer/recalcar a dimensão sonora da voz e conservar o sentido, o que, entretanto, somente ocorre se essa dimensão se mantém no sujeito como inscrição significante. Nesse sentido, adotamos a proposta de que a dimensão sonora da voz do outro poderia aprisionar a criança, constituindo um obstáculo a sua trajetória linguística, mas, ao mesmo tempo, seria por meio dessa dimensão sonora que se poderia indicar uma saída para esse aprisionamento. A título de ilustração, foram discutidos alguns episódios que contêm manifestações verbais de um menino com hipótese de autismo. Propomos, então, que manifestações musicais como, por exemplo, as canções, poderiam favorecer, na criança com autismo, um retorno da musicalidade da voz materna, com suas dimensões de continuidade e descontinuidade. Por sua vez, tal retorno talvez pudesse propiciar alguma ruptura na continuidade sonora incorporada por essa criança, fazendo face à resistência que seu corpo opõe à implantação do significante.
Publisher
Grupo de Estudos Linguisticos do Estado de Sao Paulo
Cited by
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