Affiliation:
1. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí – IFPI.
2. Universidade Nove de Julho – Uninove.
Abstract
Ao conceber o espaço do carnaval a partir das suas tensões socioeconômicas, políticas e culturais internas, a população negra de Salvador (BA) vem, desde a segunda metade do século XIX, elaborando formas de divertimentos que, para além do entretenimento, tanto denunciam a exclusão étnico-racial quanto anunciam possibilidades antirracistas de organização social. Tomando como base empírica o contexto do carnaval soteropolitano e como aporte teórico as contribuições de Paulo Freire e de outros autores do pensamento crítico brasileiro, este artigo examina como a dialética contida na relação denúncia/anúncio, expressas nas práticas comunitário-carnavalescas, constituiu uma epistemologia circular de natureza crítica e transformadora, indispensável às práxis pedagógicas de dois importantes fenômenos culturais afro-baianos, os afoxés e os blocos afros. Nesse sentido, foi possível constatar que a partir das bandas, dos ensaios, dos temas, dos festivais de música, dos festivais de beleza negra e da estética afrorreferenciada, das fantasias, das ações sociais e das escolas, principais elementos componentes da práxis afrocarnavalesca, saberes e valores são organicamente produzidos pelo conjunto entidades/comunidades/foliões(ãs), constituindo uma epistemologia de natureza nitidamente circular.