Abstract
A integralidade, um dos princípios do Sistema Único de Saúde, é visto como conceito complexo e polissêmico, de forma a ser associado a três grandes conjuntos de sentidos, entre eles, o conjunto relativo à integração e organização de diferentes serviços de modo a contribuir para a continuidade do cuidado. Este estudo teve por objetivo contribuir para a discussão da integralidade nos processos de dispensação de cadeiras de rodas a partir da experiência de um Centro de Referência em Reabilitação situado no interior do Estado de São Paulo. Realizou-se pesquisa qualitativa, por meio de estudo de caso holístico cuja unidade de análise foi a dispensação de cadeiras de rodas. Os dados foram coletados por meio da construção de fluxograma descritor e analisador, do grupo focal com as profissionais e da observação assistemática. A dispensação de cadeiras de rodas se mostrou como uma construção norteada pela integralidade, superando o modelo assistencialista e se consolidando como conduta técnica. Nesse contexto, assumiu alta responsabilidade, dado o grande volume de unidades dispensadas, e se fundamentou nas etapas de inscrição, montagem, entrega e orientações. Como ponto fraco, as profissionais perceberam lacunas nas ofertas assistenciais e no sistema logístico, e como ponto forte, a apropriação do processo licitatório. Destacou-se a dimensão da integralidade relativa à organização de serviços e práticas, sendo que existe necessidade de maior integração da dispensação com outros pontos de cuidado e da rede.