Abstract
A partir de argumentos teórico-críticos advindos do campo da comunicação e da experiência estética, este texto privilegia a análise de um conjunto de fotografias jornalísticas sobre duas operações policiais realizadas no Rio de Janeiro: uma, no Complexo da Maré, em 2014, e a outra, no Jacarezinho, em 2021. Em todas as imagens notamos que os moradores aparecem como figurantes que atravessam o campo de ação dos agentes de segurança em operações, em geral, midiatizadas. O exercício de análise observa que as aparições dos figurantes acabam por desestabilizar os enquadramentos biopolíticos do fotojornalismo que tentam impedir a percepção e apreensão de sujeitos e formas de vida desconsideradas por condições de reconhecimento hierarquizantes e assimétricas. Assim, refletimos como as condições de visibilidade do contexto jornalístico podem ser alteradas pela presença e pelas aparições de pessoas comuns na imagem fotográfica, advindas pela própria presença dos corpos e das pessoas em seus afazeres cotidianos, pelos gestos e olhares, pelas reações não previstas e que, uma vez registradas, interferem no regime enunciativo das imagens. O texto revela, por fim, como a potência política e estética das aparições nas figurações pode ressaltar as nuances entre o visível e legível, permitindo a abertura de uma fratura nos dispositivos acionados para ler uma determinada situação, corporeidades e gestualidades nas imagens.
Subject
Arts and Humanities (miscellaneous),Communication,Cultural Studies
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