Affiliation:
1. Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil
2. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil
3. Universitat Autònoma de Barcelona, España
Abstract
Resumo Em sociedades patriarcais de países periféricos, as mulheres sofrem os efeitos da exclusão social e de gênero, que as expõe à aquisição do HIV e que permanecem após o adoecimento. O objetivo deste estudo foi explorar as experiências de violência de gênero na trajetória de mulheres que vivem com HIV. É um estudo qualitativo em que foram entrevistadas 61 mulheres vítimas de violência de gênero cadastradas em um Serviço Especializado em HIV/aids de um município do interior do Rio Grande do Sul. Foi realizada análise crítica do discurso das narrativas produzidas por essas mulheres. Todas as entrevistadas relataram ter sofrido violações de direitos ao longo da vida, devido a processos históricos de exclusão, limitações no acesso à escola, ao trabalho, a serviços de saúde e à segurança. Nos serviços de saúde, o cuidado prestado pauta-se no modelo médico biopolítico capaz de postergar a morte, mas não de atendê-las com integralidade. Denominamos as trajetórias dessas mulheres de vidas nuas, conceito do filósofo Giorgio Agamben, tendo em vista que são consideradas desvalorizadas e supérfluas na sociedade, marcadas pelas violências e pelo HIV.
Subject
Public Health, Environmental and Occupational Health,Health (social science)
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