Affiliation:
1. École des Hautes Études en Sciences Sociales, França
Abstract
Resumo: O presente artigo analisa o desenvolvimento da categoria “sem religião” como instrumento censitário e sua incorporação pela produção acadêmica. Iniciamos com um recuo histórico através dos Censos, apresentando o surgimento e, em seguida, o refinamento da nomenclatura “sem religião”. Abordamos, então, a crítica dos pesquisadores da religião acerca dos dados censitários e sobre os modos pelos quais o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) desenvolveu a categoria. Posteriormente, problematizamos o enquadramento dado pela produção acadêmica para o crescimento dos “sem religião” nas últimas décadas no Brasil em decorrência de uma série de dinâmicas concernentes ao campo religioso brasileiro. Pretende-se demonstrar que ser “sem religião” no Brasil é apreendido pelos acadêmicos como mais uma perspectiva religiosa dentre as múltiplas opções do campo religioso brasileiro, cada vez mais plural. Por fim, apresentamos alguns problemas decorrentes de tal enquadramento para os estudos de religião.
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