Affiliation:
1. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, Brasil
2. Universidade de São Paulo, Brasil
Abstract
RESUMO: O texto objetiva entender os desafios e as perspectivas de jovens de camadas populares sobre a transição para o ensino superior. Baseia-se em um trabalho de campo realizado em Brasília/Distrito Federal no ano de 2018 que contou com a aplicação de mais de 200 questionários em cursinhos pré-vestibulares comunitários e entrevistas com 20 vestibulandos. Os resultados indicam a existência de um não lugar de vestibulando caracterizado pela ausência de vínculos entre os indivíduos e as instituições de ensino ou de trabalho. Há uma fricção entre lógicas de ação que se encontram e se combinam contraditoriamente nas falas dos jovens: ora percebe-se o ensino superior como uma vocação a ser reivindicada pelo esforço, ora como uma entre outras oportunidades para se “correr atrás”. Por um lado, perspectivas meritocráticas estimulam os jovens a investirem em opções de cursos, carreiras e instituições mais ousadas, alegadamente relacionadas à sua vocação pessoal; por outro lado, os sucessivos fracassos nas tentativas de transição ou as dificuldades prévias em suas trajetórias escolares os forçam a optarem por caminhos mais pragmáticos, reproduzindo lógicas de “viração” que marcam suas experiências para além do campo educacional. Essa discussão elucida de que forma o processo de expansão do ensino superior respondeu por uma alteração na maneira pela qual o próprio acesso à educação é entendido.
Subject
General Agricultural and Biological Sciences
Reference38 articles.
1. Sem maquiagem: o trabalho de um milhão de revendedoras de cosméticos;ABÍLIO Ludmila,2014
2. Uberização: do empreendedorismo para o autogerenciamento subordinado;ABÍLIO Ludmila;Psicoperspectivas,2019
3. Uberização e juventude periférica: desigualdades, autogerenciamento e novas formas de controle do trabalho;ABÍLIO Ludmila;Novos Estudos CEBRAP,2020
4. Estudar e trabalhar: um olhar qualitativo sobre uma complexa combinação nas trajetórias juvenis;ABRAMO Helena;Novos Estudos CEBRAP,2020
5. Repensar o ensino médio: por quê?;ARROYO Miguel;Juventude e ensino médio: sujeitos e currículos em diálogo,2014