Abstract
Procuramos aqui relacionar dois aspectos fundamentais das intuições culturais sobre a passagem do tempo - a temporalidade cíclica e a contínua - com a terapêutica médica e especialmente com a psicopatologia, numa visão crítica do constructo moderno da depressão no idoso. Inspirado em perspectivas de natureza antropológica, o texto se apoia na experiência clínica cotidiana e na atitude fenomenológica que orienta essa prática. Nas concepções culturais que tendem a perceber a passagem do tempo de forma predominantemente cíclica, o envelhecer é parte de um movimento eterno e a família se perpetua em seus descendentes, nas suas tradições, no vínculo com a terra ou no exercício do ofício familiar. As transformações culturais que têm proporcionado a passagem para enfoques mais direcionais do tempo vão destacando cada vez mais o papel individual na história social. Quanto mais difícil for a passagem de Weltanschauungen tradicionais, de tendência circular, fatalista, repetitiva e eterna para outras de tendência individualizante, burocratizante, planejadora e sucessiva, maiores as dificuldades para uma senectude satisfatória e maior a tendência à medicalização desse fracasso. Esta é a terceira parte de uma série de três artigos.
Subject
Psychiatry and Mental health,Clinical Psychology
Reference44 articles.
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3. Tempo, idade e cultura: uma contribuição à psicopatologia da depressão no idoso. Primera parte: Temporalidade e cultura;Bastos C. L.;Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental,2005
4. Tempo, idade e cultura: uma contribuição à psicopatologia da depressão no idoso. Segunda parte: Uma investigação sobre a temporalidade e a medicina;Bastos C. L.;Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental,2006
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