Affiliation:
1. Universidade Federal do Delta do Parnaíba, Brasil
Abstract
Resumo Este artigo relaciona o paradigma manicomial, relativo à assistência psiquiátrica, à compreensão e ao manejo do campo da saúde mental, ao paradigma proibicionista, referente ao porte, uso e à circulação de drogas, como duas séries de políticas e práticas sociais que operam a guerra de raças que está na base do Estado brasileiro. Com isso, propomos uma investigação arqueogenealógica acerca do emaranhado de condições de emergência das práticas e objetos de saber-poder mobilizados por esses dois paradigmas, atentando ao caráter político das verdades que as sustentam. Dedicamo-nos especialmente ao período entre o final do século XIX e o começo do XX ao interrogar as dinâmicas de forças que constituem as práticas sociais e seus efeitos de subjetivação, produzidos pela sujeição de corpos por meio de uma diversidade de mecanismos morais, disciplinares, eugênicos, higienistas e biopolíticos que articulam os anseios de modernização e produtividade do Estado brasileiro à gestão dos problemas de saúde e segurança do país, colocando a pobreza, o vício e a doença como desdobramento da sua constituição racial. Concluímos, por fim, que o conflito de raças aparece como fundo intrínseco que se atualiza no cerne e a partir dos campos problemáticos da saúde mental e das drogas, colocando como saída dos impasses sociais e políticos eliminar ou pelo menos diluir, via miscigenação ou submissão para integração, o elemento físico e cultural do negro do Brasil.
Subject
Management, Monitoring, Policy and Law,Geography, Planning and Development
Reference91 articles.
1. Fumo de Angola: Canabis, racismo, resistência cultural e espiritualidade;Adiala J. C.,2016
2. Estado de exceção;Agamben G.,2004
3. O jogo da dissimulação. Abolição e cidadania negra no Brasil;Albuquerque W. R.,2009
4. Racismo estrutural;Almeida S,2019
5. Loucos pela vida. A trajetória da Reforma Psiquiátrica no Brasil;Amarante P. D. C.,2003