Affiliation:
1. University of Cambridge, England
Abstract
Os transtornos do afeto não contribuíram muito para a definição diagnóstica da doença mental, e sua descrição fenomenológica nunca alcançou a riqueza da psicopatologia da percepção ou da cognição. Esse artigo mostra como o papel subordinado desempenhado pela afetividade na concepção ocidental do homem conduziu a uma visão inicial, mas persistente, da doença mental como um distúrbio exclusivo do intelecto. Tentativas dos psiquiatras do século XIX de contestar essa noção foram apenas parcialmente bem-sucedidas, devido às dificuldades de manejo conceitual da maior parte dos comportamentos afetivos e da redundância terminológica que isto engendrava. Esses esforços foram frustrados pelo renascimento do Associacionismo, o surgimento dos experimentos de localização cerebral, a definição periferialista das emoções e, finalmente, pelos desdobramentos do darwinismo. Como resultado, não se desenvolveu nenhuma psicopatologia autônoma da afetividade. O eventual reconhecimento dos assim chamados transtornos "primários" do humor não levou, contudo, a um refinamento na semiologia das próprias experiências. Isso foi impedido pelo uso dos substitutos descritivos comportamentais ou pelas descrições metapsicológicas do afeto como uma forma de energia ou como uma força pulsional. Nenhum desses desenvolvimentos contribuiu para a descrição clínica dos transtornos de humor.
Subject
Psychiatry and Mental health,Clinical Psychology
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