Abstract
O transexualismo é caracterizado como uma entidade psiquiátrica, distinta do homossexualismo e travestismo, revendo-se suas manifestações sindrômicas. Discutem-se as duas principais causas etiológicas plausíveis do transexualismo, a saber: a hipótese psicoanalítica fundamentada na regressão psicossexual com estampagem da figura materna e o modelo neuro-endócrino que pressupõe alterações nos centros de identidade sexual do hipotámo. Com base nesta última explicação propõe-se, a exemplo do que parece ocorrer na síndrome de Morris, cujas células (XY) não respondem ao efeito masculinizante da testosterona plasmática, que os transexuais devem possuir mosaicismo detectável ou críptico, quanto aos cromossomos sexuais, nos centros hipotalâmicos de identidade sexual que não respondem à secreção androgênica produzida pela gônada primitiva. Esta possibilidade explicaria a excessiva prevalência da síndrome entre homens, bem como a sua manifestação com feições típicas no sexo masculino e ainda a ocorrência esporádica da síndrome. O estudo citogenético revelou que a frequência (32%) de mosaicismo quanto aos cromossomos sexuais em 25 transexuais é estatisticamente superior aos valores observados em 14 homossexuais e 40 controles normais, nos quais a proporção de mosaicismo é praticamente nula. Considera-se a possibilidade do critério cariotípico constituir valioso subsídio na diagnose da síndrome.
Subject
Neurology,Clinical Neurology
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