Affiliation:
1. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil
Abstract
A unidade de terapia intensiva foi criada para atender enfermos muito graves, com risco de vida. Para tanto, conta com assistência médica e de enfermagem ininterruptas, com equipamentos específicos, recursos humanos especializados e acesso a aparelhagem sofisticada, destinada a diagnóstico e terapêutica, para manutenção da vida. Este artigo apresenta uma reflexão em torno das possibilidades de processos do morrer em uma unidade de tratamento intensivo, com base em pesquisa etnográfica em hospital público universitário da cidade do Rio de Janeiro. Apesar do contato frequente com o processo do morrer, em certas situações, alguns intensivistas demonstram tensão e/ou dificuldade na aceitação da morte, especialmente em situações de "morte inesperada". Neste tipo de situação, alguns profissionais expressam sentimentos, especialmente aqueles com mais tempo de contato com o doente. Já na "morte esperada", os profissionais esperam que ela ocorra e, assim há menor mobilização de sentimentos. Como a rotina da unidade não deve ser perturbada, estratégias são construídas e acionadas para lidar com essas situações. O estudo evidenciou o recurso ao humor, quando eufemismos e brincadeiras emergem, para aliviar a tensão que porventura se instale no ambiente da unidade de terapia intensiva, setor em que a morte é uma presença cotidiana.
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