Affiliation:
1. Programa de Doutorado em Saúde Coletiva, Instituto de Medicina Social Hesio Cordeiro, Brasil
2. Programa de Doutorado em Estudos da Linguagem, Universidade Federal Fluminense, Brasil
Abstract
Resumo No Brasil, a violência obstétrica vem sendo pesquisada desde os anos 1980. Na década de 90, no entanto, o fenômeno passou a receber maior destaque. A forma de violência analisada neste trabalho refere-se a uma violência velada, chamada de “violência perfeita”. Este ensaio reflete sobre a ocorrência da violência perfeita na obstetrícia, especialmente no que concerne às sutilezas do discurso médico, que pode travestir essa agressão numa forma de cuidado. A violência perfeita pode soar como preocupação da parte do médico com a saúde da gestante, que pode se submeter às recomendações médicas de forma passiva, por acreditar que deve ser o melhor para ela ou para o bebê. Ao praticar a violência perfeita, o obstetra pode interferir no desfecho do parto. A “epidemia” de cesarianas no Brasil tem sido justificada pelos médicos como preferência da mulher, mas pesquisas refutam essa hipótese e provocam a reflexão: quem está de fato escolhendo a modalidade de parto? O presente ensaio nos mostra que observar as sutilezas do discurso médico pode ajudar a responder essa pergunta.
Subject
Public Health, Environmental and Occupational Health,Health Policy,Health (social science)
Reference52 articles.
1. Violência institucional, autoridade médica e poder nas maternidades sob a ótica dos profissionais de saúde;AGUIAR J. M.;Cadernos de Saúde Pública,2013
2. Violência institucional em maternidades públicas: hostilidade ao invés de acolhimento como uma questão de gênero;AGUIAR J. M.,2010
3. Simpósio Internacional de Assistência ao Parto;AMARAL A. C.,2019
4. De cócoras no país da cesárea: como é difícil ter um parto normal no Brasil;BARBARA V.;Piauí,2019
5. A OMS e a epidemia de cesarianas;BATISTA FILHO M.;Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil,2018