Abstract
O artigo trata da participação política das mulheres e de sua presença no poder político. Nessa temática, discute a tensão entre o potencial emancipacionista prometido pela incorporação de múltiplas perspectivas ao debate político e a ação reprodutora do campo. Partindo das causas que, a nosso ver, são responsáveis pela relativa ausência de mulheres dos círculos decisórios e por seu "desinteresse" pela política, discutimos as perspectivas orientadas, de uma forma ou de outra, para a solução (melhoramento) dessa situação. O artigo organiza-se em três seções. Na primeira, defende-se a posição de que a via mais promissora para justificar a necessidade de presença das mulheres passa pelo entendimento de que os espaços de deliberação devem abrigar uma pluralidade de perspectivas sociais relevantes - um conceito associado, sobretudo, à obra da teórica estadunidense Iris Marion Young. Na segunda, discute-se alguns problemas desse conceito, em especial, certa ingenuidade que marca um ideal dele derivado: a geração de um espaço plural de discussão e de tomada de decisão em função da adoção de cotas eleitorais. Utiliza-se o conceito de "campo", extraído da obra de Pierre Bourdieu, para depurar as idéias de Young dessa ingenuidade. Na terceira seção, introduz-se um elemento adicional: a distinção, apresentada por Nancy Fraser, entre "políticas afirmativas" e "políticas transformadoras". Conclui-se, de forma preliminar, com um balanço dos limites e das potencialidades de uma política baseada na defesa da ampliação da presença de "perspectivas sociais".
Subject
Sociology and Political Science
Cited by
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